O Homem do Leme
- Pedro
- 18 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de mai. de 2023

Navegar e governar um barco é uma excelente analogia com viver e governar a vida. Aqui está uma breve explicação de como os conceitos de ventos, correntes e navegação podem ser aplicados para navegar pela vida e aproveitar ao máximo as condições que encontramos.

Definir um destino: Assim como os navegadores têm um destino em mente quando partem, é importante ter objetivos e aspirações na vida. Defina o que você deseja alcançar e para onde deseja ir, pois isso fornece direcção e propósito. Nunca é demais recordar a máxima de Séneca – “quem não conhece o porto que demanda jamais encontrará ventos propícios, e acaba por vaguear conforme o leva o vento”.

Entender os ventos: Os ventos podem ser imprevisíveis e estão em constante mudança, assim como as circunstâncias e oportunidades que encontramos na vida. Observar e entender os ventos em nosso redor é identificar os factores externos que condicionam o nosso progresso. De igual modo, estar atento às influências externas e às pessoas com as quais nos rodeamos, que também elas podem ser imprevisíveis, e a outras que aparecem de surpresa, levam-nos a acautelar ou aproveitar oportunidades ou evitar desgostos.

Ajustar as velas: Para navegar de forma eficaz, temos de ajustar as velas para melhor aproveitar a força do vento. Da mesma forma, na vida, a adaptabilidade é crucial. Ser flexível e estar disposto a ajustar planos e estratégias quando necessário é um imperativo. Aceite a mudança e use-a a seu favor. Via de regra um barco tem vida própria face aos ventos, guinando a proa para a linha de vento se nada fizermos, pode inclinar-se vertiginosamente até parar de singrar quando estiver alinhado com o vento. Chamamos-lhe a tendência para a orça. Folgar a vela quando está demasiado orçado chamamos arribar. O certo é que não podemos deixar o barco desgovernado tendo de sistematicamente orçar ou arribar ajustando as velas, tal como na nossa vida, temos de continuamente folgar ou caçar as velas e não a deixar fluir desgovernada. Lembremo-nos sempre que navegando à vela nem sempre podemos tomar a direcção que queremos ou desejaríamos, mas outrossim correr com os ventos ou bolinar em Z, para chegar ao destino em segurança.

Compreender as correntes: As correntes podem ajudar ou atrapalhar o progresso de um barco. Da mesma forma, a vida apresenta várias correntes, como tendências, normas sociais e influências culturais. Entenda as correntes ao seu redor e decida se deve fluir com elas ou traçar seu próprio curso. Use as correntes para impulsioná-lo para a frente, em vez de ser arrastado por elas. Lembre-se sempre que é árduo vencer as correntes e que muitas vezes tem de navegar obliquamente para seguir a direito.

Aproveitar as oportunidades: Velejar exige aproveitar as oportunidades certas. Quando surgem ventos e correntes favoráveis, marinheiros experientes aproveitam para fazer progressos significativos. Na vida, reconheça e aproveite as oportunidades que se alinham com seus objetivos e valores. Esteja preparado para assumir riscos calculados e sair da sua zona de conforto quando necessário. E esteja preparado para esperar pacientemente que mudem os ventos e correntes. Rumar contra o vento e a corrente é um desperdício de tempo.

Paciência e resiliência: Navegar a vida ou um barco exige muitas vezes paciência e resiliência, principalmente em condições adversas. Na vida, haverá sempre desafios e contratempos. Cultive a resiliência para se recuperar de falhas e contratempos e exercite a paciência em tempos de incerteza. Lembre-se de que as tempestades eventualmente passam e águas calmas estão por vir. E lembre-se também que não há bonança que sempre dure. Adopte as máximas estóicas Amor Fati e Premeditatio Malorum. O amor fati traduz-se pelo “amor pelo destino”, e ensina-nos a não nos queixarmos do que acontece, antes a aceitar os desafios com coragem e determinação. O Premeditatio MalorumI é a “premeditação dos males”, um exercício estóico de imaginar aquilo que pode correr mal ou que nos possa ser subtraído. De forma a nunca sermos colhidos de surpresa.
Aproveitar a viagem: Navegar não é apenas chegar ao destino; como um dia nos ensinou Antonio Machado Ruiz “el caminho se hace caminhando”, é também sobre aproveitar a viagem. De igual modo também Mia Couto exprime esta ideia ao afirmar que “não é o destino que conta, mas o caminho”. Da mesma forma, na vida, concentre-se no momento presente e encontre alegria nas experiências ao longo do caminho. Aprecie a beleza, aprenda com os desafios e valorize os relacionamentos e experiências que constrói.
Ao relacionar os princípios da navegação à vida, você pode obter intuições sobre como navegar a sua própria jornada. Abrace os ventos e as correntes, ajuste as velas e aproveite ao máximo as condições que encontrar, direcionando-se para uma vida plena e com propósito.

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